Pela manhã, às 7 horas, o rei Albert I foi tomar um banho de mar em Copacabana.
Sobre este habito escreveu o jornal "A Paiz" de 2.10.1920:
"Mas o rei Albert tinha costumes que entendeu não dever modificar na sua viagem ao Brasil, e o principal deles foi uma surpresa interessante para os cariocas - o rei Albert, no dia imediato ao de sua chegada, deixando muito cedo os seus aposentos, pediu condução e foi tomar banho de mar na praia de Copacabana".
Acrescenta Paulo Francisco Donadio Baptista, historiador e autor da dissertação de mestrado “Rumo à praia – Théo-Filho, Beira-Mar e a vida balneária no Rio de Janeiro dos anos 1920 e 30” (UFRJ, 2007):
"Nas 14 alvoradas que passou no Rio, o monarca saltava da cama diretamente para a praia de Copacabana. Todo dia era dia de banho de mar. Chegava pouco antes das 7 horas, trocava de roupa num palacete da Avenida Atlântica e seguia de carro para a enseada do Posto 6. A notícia se espalhou no primeiro dia e logo atraiu milhares de pessoas, que passaram a assistir, da avenida e das areias, aos banhos do rei. Até dentro do mar, guardando uma distância respeitosa, dezenas de banhistas seguiam os exercícios de natação de sua majestade. A multidão aplaudia o Rei-Herói." ...
"Duas formas de aproveitar a praia se distinguiam, e os estilos do rei e da rainha eram bons exemplos. Elizabeth banhou-se com menos freqüência e sempre mais tarde que o rei. Entrava no mar acompanhada de um cavalheiro no qual se amparava, segurando-o pela mão. Seus banhos não duravam mais de quinze minutos. Já os banhos do rei eram demorados exercícios de natação. Alberto furava as ondas, dava braçadas vigorosas, nadava centenas de metros e de vez em quando ultrapassava os limites demarcados pelo serviço de salvamento. Certa vez, quando se afastou da costa, foi seguido por duas jovens nadadoras copacabanenses. Ao adverti-las de que era perigoso irem tão longe, teve como resposta que nada temiam, pois eram conhecedoras da praia desde pequenas. E ainda foi desafiado para uma competição – da qual saiu vencedor, é claro. Alberto, além de rei-soldado, era um rei sportman. Representava, junto com essas banhistas, um modo esportivo de ir ao banho, baseado na prática da natação, que concorria com o antigo hábito, justificado no discurso médico."
Depois deu uma volta de carro pelo Centro, andou a pé na Rua do Ouvidor, Primeiro do Março, o Rosário, Beco das Cancelas, até a igreja da Nossa Senhora da Candelária que visitou.
A rainha Elisabeth também foi tomar um banho de mar em Copacabana.
À tarde, em companhia do presidente da República e da primeira-dama, o casal real foi visitar a Escola Nacional de Belas Artes e o Instituto Histórico e Geográfico.
(Revista Careta 641 - 1920)
O Paiz, 22 de setembro de 1920 - O Paiz, 2 de outubro de 1920
Foto: Visita dos Reis ao Instituto Histórico e Geográfico.