Às 9 h, o rei Alberto, acompanhado por o presidente da República, Epitácio Pessoa, e o governador de Minas Gerais, Artur Bernardes, visitou o quartel da força pública de Belo Horizonte.
Às 10:30, em companhia da rainha Elisabeth, assistiu à missa no Colégio de Santa Maria das Irmãs Dominicanas, celebrada pelo abade Nols.
Almoçaram no palacete Afonso Pena. Os reis visitaram a Lagoa Santa. A Assembleia Legislativa do estado de Mato Grosso fez uma sessão em homenagem aos reis.
Bernardes ofereceu ao casal real um banquete memorável, com o cardápio em francês, conforme o protocolo: consommé de creme de bruxelles (creme de couve), médaillons de turbot a l’ostendaise (peixe), noisettes de pauillac a l’écossaise (batatas) – pedaços redondos de carne de cordeiro viraram noisettes; e pato pequeno era chamado de caneton. Também se descreveu na língua estrangeira uma receita de macuco, ave brasileiríssima. No cardápio do banquete, a ave se transformou em Macucos Truffés à la Royale.
A sobremesa criada para a ocasião intitulava-se Dessert Brésilien e, após o banquete, virou doce nacional. A tradição mineira assegura que se tratava da elaboração conhecida popularmente como Gelatina Rei Alberto. Ela tem as cores da bandeira da Bélgica, representada pelos doces que a compõem. É preta (purê de ameixa), amarela (ovos moles ou, em algumas receitas, caldo de abacaxi) e vermelha (gelatina de morango, framboesa ou cereja). A anedota é que ao ser eleito Presidente da República, Artur Bernardes teria levado a sobremesa para o Palácio do Catete. Getúlio Vargas a conheceu ali e, quando chegou à presidência, dizem as notícias, que ele mesmo ou seus conterrâneos gaúchos, a levaram para o Rio Grande do Sul na década de 1930.
Mas há discussão sobre quem criou essa sobremesa com as cores da bandeira belga. Outras fontes – entre outras a Embaixada do Brasil na Bélgica – mencionam que a Confeitaria Colombo no Rio sentiu-se honrada em receber para jantar os reis belgas. Na oportunidade, criou um doce para homenagear o rei Alberto. A sobremesa que então surgiu tinha três camadas paralelas e era chamado “Creme belga”.
Não é sempre fácil no mundo culinário conhecer o inventor de pratos saborosos, como é o caso da batata frita onde muitos países lutam pela paternidade. Aqui não parece tão complicado. É só conhecer a data da visita dos reis à Confeitaria Colombo. Só que questionada, a própria Confeitaria não pode informar quando isso aconteceu e que, dentro os jornais da época, eu não achamos nenhuma menção dessa janta. Ou será que o Creme belga é outra sobremesa criada pela visita real. Alguém sabe mais ao respeito?
O príncipe Leopoldo desembarcou em Salvador, onde foi recebido pelo cônsul belga e por representantes do governador da Bahia. Às 13:30, o transatlântico zarpou com destino ao Rio de Janeiro.