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Stevens, Marie Philomène (1849-1898)
No início de 1872, o diplomata e estadista José Maria da Silva Paranhos Júnior (1845 - 1912), o Juca Paranhos, futuro Barão do Rio Branco, encontrou no Alcazar Lyrique, uma casa de espetáculos por onde circulavam os membros da elite carioca, uma jovem belga, a dançarina Marie Philomène Stevens, de 22 anos, por quem se apaixonou.
Nascida em Acoz, pequena aldeia belga perto da cidade de Charleroi, aos quinze anos perdera o pai, um artesão chamado Joseph Stevens, cuja viúva, Eugénie Heinry, logo contraiu novas núpcias com Julien Mayer,
Luís Cláudio Villafañe G. Santos, o biografo de Juca Paranhos, a descreve como "jovem belga que viera tentar sorte no Rio de Janeiro e que, desde fins de 1870, apresentava-se em números de pose plastique no palco do cabaré, à vezes com pouca roupa, em outras ocasiões com menos ainda. Franzinha, de olhos negros e cabelos castanho-claros, não chegava a ser exuberante e, talvez por isso, jamais tenha ido além de papéis secundários nos teatros cariocas." Viviam um tórrido romance.
O casamento era impossível, pois ela era apenas uma bela atriz de pouca instrução, que viera faire l’Amérique no Rio de Janeiro. Juca Paranhos parecia bastante ingênuo, talvez cego pelo amor, pois chegou a escrever para um amigo dizendo que Marie lhe havia chegado aos braços “perfeitamente pura!”.
Em 1873, sob pressão do pai, o visconde do Rio Branco, mesmo filho ilegítimo, na época chefe de gabinete ministerial, Juca, instalou-a em Paris. Lá nasceu, em 20 de fevereiro de 1873, Paul, o primeiro dos cinco filhos que o barão teve com ela, ao longo de 26 anos de convívio interrompido. Juca fez com que a belga retornasse ao Rio de Janeiro, com o recém-nascido, instalou a amante e o menino na casa rua da Praia do Cajueiro, 34, e assumiu a paternidade. Em maio do ano 1875 nasceu Maria Clotilde no Brasil. Logo depois que Juca foi nomeado Cônsul-geral do Brasil em Liverpool, que aconteceu em 27 de maio de 1876, embarcou Marie e os filhos para a França. O terceiro filho, Paulo, nasceu em Paris, em 10 de julho. Maria Amélia nasceu em 22 de junho de 1878 e Hortênsia em 12 de abril de 1885, também em Paris. Viveram na Rue de Rennes, 75 em Paris, até 1892 quando mudaram para uma casa na Villa Molitor, 15, em Auteuil, um arrabalde de Paris, mais perto da escola onde estudavam as filhas.
No entanto, demoraram a casar-se, o que finalmente ocorreu em 18 setembro de 1889, em Londres, na Capela da Sardenha, no distrito de St. Giles, depois do Juca receber o título de Barão (1888). Na ocasião, a namorada de Juca tornava-se, finalmente, Marie Philomène Paranhos, baronesa do Rio Branco. Só em 1891, depois de ocupar o cargo de superintendente do Serviço de Emigração brasileiro, como sede em Paris, começaram a viver juntos.
O filho Raul, formado em direito, que seguiu a carreira de diplomata, foi o primeiro brasileiro eleito para o Comitê Olímpico Internacional. Já Paulo foi o primeiro jogador brasileiro de rúgbi com fama internacional. Depois seguiu a carreira médica e fixou-se em Paris.
Marie Philomène Stevens viveu até morrer, em 12 de janeiro de 1898, aos 48 anos, na França. Está enterrada no cemitério Père Lachaise, Divison 92, Paris, no túmulo da família Rio Branco. Em seus últimos anos de vida, a própria Marie fazia um balanço triste da relação de 26 anos com o barão ao repetir que “havia pagado muito caro por sua coroa de baronesa’.
Fontes:
- Juca Paranhos, o Barão do Rio Branco / Luís Cláudio Villafañe G. Santos. – São Paulo: Companhia das Letras, 2018.
- Vasco Mariz in Barão do Rio Branco : 100 anos de memória, mencionado em http://brasilianafotografica.bn.br/...
- http://diplowife-diplolife.blogspot.com/...
Foto túmulo: https://www.wikidata.org/...
Foto sépia: livro de Luís Cláudio Villafañe G. Santos