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Hardy, Raphael (1893 - 1968)

, Brugge -
Hardy Raphael
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Raphaël François Amédée Marie Hardy nasceu na cidade Bruges, Bélgica, no dia 22 de janeiro de 1893 com filho de François Joseph Marie Hardy e Louise Marie Christine Charlotte Loys.

Ele nasceu no berço de uma família de músicos clássicos. A sua avó paterna dava aulas domésticas de violino para seus filhos. Seu pai em 1880, por volta de 18 anos de idade, recebia o 1º prêmio de Violino da Escola de Música de Bruges e até 1886 trabalhou como músico militar no Exército Belga. Depois foi professor da classe de Oboé da Academia de Música de Bruges.

Raphaël se formou como desenhista e assistente de arquitetura na Academia de Belas-Artes de Bruges (Bélgica) e estudou violoncelo no Conservatório de Música da mesma cidade. 

Chegou ao Brasil em 1912 na cidade de Rio de Janeiro, então capital do Brasil. Viajou com uma passagem na 3ª Classe do navio vapor “Amiral Villaret de Joyeuse” da Companhia "Chargeurs Réunis", que teria partido de Le Havre no início do mês de setembro de 1912. Na lista de borda mencionou que era solteiro, com 19 anos e com profissão "dessinateur". Ter trazido consigo seu violoncelo, que provavelmente tenha sido despachado como bagagem de porão. Existe um despacho da Alfândega do Rio de Janeiro, publicado no dia 2 de abril de 1913, o qual indefere um requerimento do jovem Raphaël de que seu violoncelo usado pudesse ser isentado de taxas de importação. Este instrumento o acompanharia ao longo de toda a sua vida. O referido instrumento encontra-se hoje na posse de uma professora do Conservatório Mineiro de Música, na cidade de Belo Horizonte, e continua em plena atividade.

Raphaël Hardy lista de bordoLogo depois começou a trabalhar como arquiteto para obras na Estrada de Ferro Leopoldina Railway, radicando-se, inicialmente, em Viçosa-MG. Onde casou-se com Marcília Silvino, natural de Viçosa-MG. Lá nasceu o filho Raphael Hardy Filho.

Retornou para a Europa em 1915, ao se alistar como voluntário para lutar na Primeira Guerra Mundial, onde permaneceu até o ano de 1918. Ao término da guerra, retornou para Viçosa.

Em setembro de 1919, foi contratado pela Diretoria de Obras Públicas da Prefeitura de Belo Horizonte, período em que teve as matrículas, como arquiteto e desenhista, registradas naquele município. Foi o autor da primeira revisão da Planta Geral da capital mineira, trabalho que concluiu em 1920. O Museu Histórico Abílio Barreto de Belo Horizonte possui em seus arquivos tanto a Planta de 1920, quanto uma outra atualização, datada de 1942, também atribuída a Raphael Hardy.

Planta Belo Horizonte 1942 - Raphael Hardy - MHAB

Em 31 de agosto de 1919 nascia em Belo Horizonte June Hardy, primeira filha do casal.

Foto dos arquivos de família: Raphaël, Marcília, June (no colo) e Fezinho (Raphaël Hardy Filho), 1920. 

No período em que a crescente família Hardy passou a residir em Belo Horizonte, os laços entre a Bélgica e o Brasil estavam se estreitando. De fato, o Rei Alberto e a Reina Elisabeth visitaram a cidade de Belo Horizonte no dia 2 de outubro de 1920. É extremamente provável que Raphaël e Marcília tivessem acompanhado de perto essa visita, e que estivessem presentes no desembarque da comitiva na Estação Ferroviária de Belo Horizonte. No período entre 1921 e 1925 o casal Raphaël e Marcília teve mais três filhos: Francisco, nascido em 1921 em Viçosa, Suzana nascida em 1923; e Tereza, nascida em 1925. Em Viçosa, Hardy projetou um edifício na Praça Silviano Brandao, onde hoje funciona o Hotel Central e alguns outros comércios do centro da cidade.

Raphaël também começou a exercer em Belo Horizonte atividades de desenhista arquitetônico como profissional autônomo, tendo participado de alguns pequenos projetos desenvolvidos pela Construtora Morthé de Araújo, que era uma das mais importantes que atuavam em Belo Horizonte, mas ainda mantendo sua residência em Viçosa. Ele havia prestado serviços para o escritório de arquitetura da Carneiro de Rezende & Companhia, assim como para o renomado arquiteto Luis Signorelli. Participou da elaboração de algumas plantas arquitetônicas dos projetos dos Edifícios do Automóvel Clube de Minas Gerais, ainda localizado na Avenida Afonso Pena e, principalmente, do desenho do projeto arquitetônico da fachada do Edifício do Banco do Comércio e Indústria de Minas Gerais, este também ainda existente na Rua Caetés, rua localizada na área central da cidade de Belo Horizonte. Foi também projetista de móveis da principal empresa de processamento de madeira da capital mineira, a Serralheria Souza Pinto.

O primeiro registro de uma participação de Raphaël na área musical da capital mineira se deu por ocasião da criação da Sociedade de Concertos Sinfônicos de Belo Horizonte (SCSBH), ocorrida em 27 de junho de 1925. Raphaël passou a atuar ativamente nos eventos da referida Sociedade, que passou a organizar concertos no Teatro Municipal de Belo Horizonte. No dia 8 de junho de 1928, Raphaël foi nomeado pelo Presidente do Estado para o cargo de Professor do Conservatório Mineiro de Música, hoje Escola de Música da UFMG, até se aposentar. No ano de 1935, fruto de seu crescente prestígio no âmbito da comunidade musical da capital mineira, Raphaël Hardy foi nomeado Diretor Sociedade de Concertos Sinfônicos de Belo Horizonte, da qual havia sido um dos fundadores.

Raphael Hardy - foto MHAB

Na foto, sentado à esquerda Raphael Hardy, no piano Anna Gertrudes Driesler, em pé com violino Julia Driesler Garcia de Paíva e George Marinuzzi - Foto publicada com autorização do Museu Histórico Abilio Barreto. Ano desconhecido.

No final dos anos 1940, Raphaël projetou e construiu uma bela casa na Rua Nossa Senhora das Graças n°. 212, no bairro do Cruzeiro em Belo Horizonte, onde instalou um excelente e bem equipado estúdio musical para aulas domésticas e mesmo para seus ensaios cada vez mais frequentes. Infelizmente essa casa não mais existe, tendo sido vendida e demolida no final dos anos 1980.

Registra-se que alguns de seus descendentes seguiram-lhe a profissão de arquiteto, como Raphael Hardy Filho, Alvaro Hardy e Mariana Machado Coelho Hardy.

Raphael Hardy faleceu em 1968 na cidade de Belo Horizonte, MG.

Foi homenageado no bairro Padre Eustáquio, Belo Horizonte, com a Rua Professor Raphael Hardy.

Este texto é em grande parte baseado no livro Recordações: a história de uma família em movimento, realizado pelo Marco Antônio de Freitas Coutinho, neto do Raphael Hardy.

Fontes:

  • Recordações: a história de uma família em movimento / Marco Antônio de Freitas Coutinho (org.) - Brasília, DF : Ed. do Autor, 2020. - PDF - Volume I.
  • Dicionário biográfico de construtores e artistas de Belo Horizonte ; 1894-1940 / Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais. – Belo Horizonte : IEPHA/MG, 1997. - veja p. 125
Imagens:
  • Foto em sépia : Museu Histórico Abílio Barreto, Belo Horizonte, JD.FOT.027
  • Planta : Histórico Abílio Barreto, Belo Horizonte, BH.MP-22
  • Outras: acervo da família Hardy