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Cruls, Louis Ferdinand (1848 - 1908)

, Diest -
Cruls Louis
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Louis Ferdinand Cruls nasceu em Diest, província de Brabante, na Bélgica, em 21 de janeiro de 1848, filho do engenheiro-civil Philippe Augustin Guillaume Cruls (1818-) e Anne Elizabeth Jordens (1831-). Após fazer seus cursos de humanidades, entrou para a Escola de Engenharia Civil da Universidade de Gent que frequentou de 1863 a 1868. Mais tarde, em 1872, foi admitido como aspirante de engenharia militar obtendo, nesta última carreira, que seguiu durante um ano, os postos de segundo e primeiro tenente.

Em 1874, Louis Ferdinand Cruls pediu demissão do exército de seu país com o objetivo de visitar o Brasil, apenas por curiosidade e sem nenhum plano premeditado, mas influenciado pelos brasileiros que, na época, estudavam na Bélgica. Assim, em 5 de setembro de 1874, Cruls embarcou no pequeno vapor que transportava os passageiros de Bordeaux com destino a Pouillac, onde ancoravam os navios das Messageries Maritimes, que faziam a travessia da Europa à cidade de La Plata, na Argentina. Na viagem fiz amizade com Joaquim Nabuco, que acabava de viajar pela Europa e regressava ao Brasil. Nabuco, nessa época, iniciava sua carreira diplomática. Cruls explicou-lhe que se dirigia ao Brasil por influência de um dos seus compatriotas, o engenheiro Caetano Furquim de Almeida (1850-), que ele conhecera em Gand, no tempo em que ambos frequentavam a Escola de Engenharia Civil. Foi durante o tempo dos seus estudos que Cruls se associou a um grupo de estudantes brasileiros: Jacob Van Erven (1844-1875), Christiano Ottoni (1851-1934), Manuel Caetano da Silva Lara (1847-), José Maria Vianna (1852-), Antônio Chermont (1846-), Félix de Moraes (1844-).

Foi membro da Comissão dos Trabalhos Geodésicos no Município Neutro de 1874 a 1876. Em 1875 publicou em Gante um trabalho sobre métodos de repetição e reiteração para leitura de ângulos, o que lhe credenciou a ser admitido como Adjunto no Observatório Imperial do Rio de Janeiro. Em 1877, publicou um estudo sobre a organização da Carta Geográfica e da História Física e Política do Brasil. Em 1881 aceitou o cargo de diretor do Observatório Astronômico do Rio de Janeiro.

Em 26 de maio de 1877, Louis Cruls casou-se com Maria Margarida de Oliveira (1861-1955), no Rio de Janeiro. O casal teve seis filhos.

Enquanto esteve no Rio de Janeiro, Cruls se tornou amigo íntimo do imperador Dom Pedro II, se naturalizou brasileiro em 1881, sob o nome de Luiz Cruls, se tornou diretor do Observatório Astronômico do Rio de Janeiro.

Estudou o planeta Marte e, em 1882, observou o trânsito de Vênus na cidade chilena de Punta Arenas. Uma cratera de Marte foi batizada em sua honra.

Ele viu o império se tornar República e a Constituição de 1891 ser promulgada. O artigo 3º da então nova carta já fazia referência a uma capital no Centro-Oeste: “Fica pertencente à União, no planalto central da República, uma zona de 14.400 quilômetros quadrados, que será oportunamente demarcada para nela estabelecer-se a futura Capital Federal”. Em 1892 foi-lhe cometida a incumbência da exploração do Planalto Central do Brasil e chefiou uma equipe de cientistas que estudou a orologia, condições climáticas e higiênicas, natureza do terreno, qualidade e quantidade de água etc. da área do Planalto Central, onde seria construída a capital Brasília, em 1960. A viagem ficou conhecida como “Missão Cruls”.

Os membros da Comissão Exploradora do Planalto Central, para a delimitação da área da futura Brasília, 1894. Luís Cruls é o terceiro a partir da esquerda, sentado.

Para formar a comissão, Cruls chamou colegas do Observatório Astronômico do Rio de Janeiro, ex-alunos da Escola Superior de Guerra e da Escola Militar da Praia Vermelha. No total, 21 cientistas partiram do Rio de Janeiro rumo ao planalto central em junho de 1892. Foram nove meses de viagem, 5.132 quilômetros percorridos e 9.640 toneladas de bagagem.

Em Brasília funciona o Centro Cultural de Ciências da Natureza Luiz Cruls que oferece atividades e programas de educação ambiental e patrimonial, e apresenta a proposta de materializar a memória de Louis Ferdinand Cruls.

Em 2014 foi publicado o livro "Cruls: Histórias e andanças do cientista que inspirou JK a fazer Brasília" por Jaime Sautchuk (Editora Geração).

Fonte

https://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/...

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