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Escadaria Palácio da Liberdade (Belo Horizonte)
Palácio da Liberdade
O Palácio Presidencial foi inaugurado em 1897. De traçado neoclássico, o projeto do Palácio da Liberdade mescla padrões arquitetônicos que vão desde de Luís XV (estilo de decoração de interiores e mobiliário que se desenvolve a partir da França durante o reinado de Luís XV, no século 18) ao mourisco (também chamado neo-islâmico, estilo artístico surgido na Europa no século 19, que buscava imitar e recriar a arte islâmica antiga). Seu objetivo era servir como sede administrativa do Governo de Minas Gerais e residência oficial dos governadores.
Grande parte dos materiais utilizados na edificação foi importada da Europa: artefatos de ferro da Bélgica, telhas de Marselha, pinho-de-riga da Letônia são alguns exemplos. No hall empregou-se o mármore de Carrara, e os diversos salões do palácio foram recobertos em parquete ricamente trabalhado, formando desenhos geométricos.
Origem da escadaria
Há discussão sobre a origem da escadaria principal. Muitas fontes falam que foi fundida na Bélgica (Ateliers De Jaeger de Bruges) como a seguinte:
"Um toque belga é evidenciado pela estrutura em ferro fundido e mármore da escada projetada no Brasil e trabalhada na Bélgica, tendo como característica a art-noveau. A escada foi trabalhada em ferro batido com ornamentação floral, sendo totalmente produzida nas oficinas belgas Acières Bruges, utilizando o sistema de construção desmontável Joly, considerado um grande avanço tecnológico na época. As peças dessa escadaria chegaram ao Brasil em maio de 1897, quando foi montada e passou a conceber em lugar de honra no Palácio Presidencial. É impressionante a imponência e elegância da escada que parece preencher todos os espaços do Palácio."
Outra fonte esclarece que foi encomendada na Bélgica e fabricada na Alemanha por Eisenwerk Joly de Wittenberg.
Uma pesquisa no Arquivo Público de Belo Horizonte revelou que lá encontra-se o fundo AI.01.02.02.143 "Escadarias para o Palácio Presidencial e para as Secretaris do Interior, da Agricultura e das Finanças. Bruges e Rio de Janeiro 1896.12.10 - 1897.07.28" que contem 9 itens de comprovantes de despesas. A Comissão de Construção da Nova Capital de Belo Horizonte pagou no dia 20 de maio de 1897 um adiantamento de 60% do valor total de 46.000,00 marcos ao J. De Jaegher, representante da "Société Anonyme de Constructions, Forges e Aciéries de Bruges" para uma "Escada de [ferro] com galeria circular para o Palacio Presidencial, a encomenda 35 de 31/8/1896, vindo no vapor [Arqueferro] de Hamburgo em 20/05/1897 ". A planta da escadaria encontra-se no arquivo do IEPHA e contem a seguinte cabeçalho em alemão "Treppenanlage für die Société Anonyme de Bruges". As demais anotações na planta estão também em alemão.
Estes fatos, a escadaria vem da Europa com um barco de Hamburgo - a cidade de Wittemberg fica no rio Elbe que vai até Hamburgo -, o seu valor é expressado em marcos e a planta em alemão, junto com o testemunho do restaurador da escadaria, o Joerg Ammann, que demonstrou um catálogo da fabrica Eisenwerk Joly de Wittemberg, Alemanha, com uma referência desta escadaria, fazem nós concluir que a segunda fonte está correta: a escadaria foi encomendada na Bélgica e fabricada na Alemanha.
Ainda falta conhecimento sobre a relação entre a "Société Anonyme de Constructions, Forges e Aciéries de Bruges" e a "Eisenwerk Joly". O fato que a "Société Anonyme" e o resultado da fusão entre a fundição De Jaegher e a fundição Feldhaus, a última de origem alemão, pode esclarecer esta relação.
A escada apresenta um elegante estilo art nouveau. Ela foi minuciosamente confeccionada em ferro batido com ornamentação em motivos florais, e é considerada obra prima. Demais, a escada ganhou prêmio em Londres pelo apurado gosto estético e inovação de sua técnica.
Em 1920, o Palácio e a Praça da Liberdade passaram por uma reforma para receber o rei belga Albert I e a rainha Elisabeth, em visita a Belo Horizonte. Os trabalhos consistiram principalmente em mudanças na decoração da edificação, quando predominou o gosto pelo estilo Luís XVI. A praça recebeu um jardim francês, ao estilo Versalhes, de formas geométricas e perspectivas profundas. O trabalho da época é considerado mais rico e mais harmônico do que o original.
O Palácio da Liberdade foi incorporado ao Circuito Cultural Praça da Liberdade e aberto à visitação pública em 2010, após a transferência da sede do Governo Estadual para o Palácio Tiradentes, na Cidade Administrativa de Minas Gerais.
O IEPHA-MG tombou o Palácio da Liberdade em 27 de janeiro de 1975.
Fotos: Marc Storms, novembro 2014
Pesquisa: Marc Storms, julho 2015
Fontes
- Guia de bens tombados IEPHA/MG / Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais. – 2. ed. – Belo Horizonte: Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais, 2014. 2 v. : il. ; 30,5 cm. - ISBN: 85-66502-02-7. (Texto de Maria Cristina Harmendani Trivellato - Junho, 2011) (p. 51 e.s.)
- http://wikiarq.blogspot.com.br/...
- folheto Guia de visitação Palácio da Liberdade (2014)