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Caekelberg Jef (1936 - )
Joseph Emiel Jan Caekelberg, conhecido no Brasil como Padre Jef, nasceu dia 7 de agosto de 1936, na região metropolitana de Bruxelas, capital da Bélgica. Após formar-se padre MSC (Missionário do Sagrado Coração), mudou para o Brasil sete meses depois do seu ordenado, em novembro de 1961. Época de efervescência social e religiosa, marcada pela Encíclica de João XXIII, Mater et Magistra, que destacou de maneira especial a agricultura, sobretudo a familiar. Chegou ao Sudoeste do Paraná em fins de 1962, estabelecendo-se em Francisco Beltrão, PR.
O Missionário Belga era um jovem militante das causas sociais e, sobretudo da juventude. Filho de operários (metalúrgico) belgas, participava ativamente de grupos de jovens e mobilizações sociais. Sua chegada ao Sudoeste é marcada pela disposição de um jovem ativo que buscava conciliar os discursos técnicos e religiosos num linguajar simples, acessível e convincente.
Entre tantos trabalhos prestados a Beltrão pelo padre Jef, está a criação da Assesoar (Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural), em 1966. No início, a Assesoar atuava como orientadora dos agricultores familiares, fazendo trabalho de pastoral e ensinamentos de técnicas agrícolas que atenderiam os anseios de uma população rural que via nas terras um bem precioso. A organização, na sua sede e nas comunidades atendia seus associados, não associados e outros agricultores com a intenção de criar mecanismos para que os agricultores familiares se sentissem amparados por um espaço físico, não bastava apenas o trabalho de percorrer as propriedades, era necessário algo concreto que aproximasse o agricultor da entidade proporcionando maior segurança. Normalmente o atendimento era feito coletivamente, isto é, em grupos de agricultores que se reuniam para formação.
Padre Jef foi também grande motivador da fundação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Francisco Beltrão.
Em 1978, decidiu que era chegada a hora de se despedir da Assesoar e do Sudoeste do Paraná.
Em março de 2013, ele fez uma visita ao Brasil, acompanhado do colega padre Leo Verheyen, que é procurador das vocações na Bélgica. Em Beltrão, encontrou-se também com o padre Alfonso de Nijs, um dos quatro que vieram com ele para o Brasil, em 1961.
Durante a sua visita, na redação do Jornal de Beltrão, padre Jef concedeu uma entrevista, que teve participação também do padre Alfonso.
Contou que junto com ele quatro padres vieram para o Brasil: padre Emílio, padre Ari (Harry Van Briel), padre Roberto, que trabalhou muitos anos em Capanema, e outro o Vitor, que foi o que começou o Seminário São José e foi uma pessoa muito dinâmica, mas depois se achou com uma namorada e aí pronto, casaram. Chegando no Brasil, padre Jef não sabia nem pedir água, nada. Seu professor de português era um padre holandês da sua congregação, de 85 anos, o primeiro, junto com outro colega que da Holanda que veio para o Brasil em 1911.
Chegando em Francisco Beltrão, os padres cuidaram de cem capelas de uma região de Beltrão até o Rio Iguaçu, naquele tempo, de 1960 até o fim de 62.
Fontes:
- Missionários Belgas e Assesoar: ruptura e a nova roupagem sob a ótica da agricultura familiar no Sudoeste do Paraná (1966-1985) / Alexandro Abatti. Em Anais do IV Congresso Internacional História, Regiões e Fronteiras (CIHRF) Gizele Zanotto (Org.) - ISSN 2318-6208 Universidade de Passo Fundo (UPF) – 2018 – Passo Fundo/RS, p. 38 - 45.
- https://jornaldebeltrao.com.br/...