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Chambre de Commerce belge au Brésil - Camara de Comercio Belga no Brasil

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Chambre de Commerce Belge
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A criação da Chambre de Commerce Belge au Brésil [Câmara de Comércio Belga no Brasil] foi noticiada na edição nº 179 da Revue Franco-Brésilienne, publicada em 1917, da seguinte forma: “Seguindo o conselho do Sr. Delcoiane, Ministro da Bélgica, e por iniciativa do Sr. V. de Vicq, a pequena colônia belga acaba de fundar uma Câmara de Comércio Belga no Rio de Janeiro, com o propósito de defender e desenvolver os interesses belgas no Brasil.”

Ainda em 1917, no dia 15 de agosto, foi publicado o primeiro número do Bulletin de la Chambre de Commerce Belge au Brésil, um periódico de 14 páginas, impresso no Rio de Janeiro pela tipografia Besnard Frères. A publicação foi bem recebida pela imprensa internacional. O jornal L’Indépendance Belge, edição de 27 de novembro de 1917 — editado na Inglaterra durante a Primeira Guerra Mundial — elogiou a iniciativa, afirmando: “Muito bem impresso em papel belga, este boletim é ricamente abastecido de informações e redigido com grande inteligência. Será uma ferramenta útil e vantajosa tanto para exportadores quanto para importadores no Brasil.”

A Revue Franco-Brésilienne compartilhou da mesma opinião, classificando o boletim como “uma publicação interessante e útil, muito bem elaborada e escrita, contendo uma série de artigos pertinentes sobre questões industriais e comerciais no Brasil, aos quais chamamos a atenção de nossos leitores.”

Bulletim de la Chambre de Commerce Belge

Em 1919, o engenheiro Dr. Gustave Vauthier ocupava o cargo de presidente da Câmara de Comércio Belga no Brasil.

Segundo a Revue Franco-Brésilienne, a Câmara de Comércio belga foi “fundada em 1917, em plena guerra e em condições extremamente desfavoráveis, a Câmara de Comércio Belga contava, em 1920, com 278 membros.” A revista destacou ainda: “278 membros provenientes de um país com apenas cinco ou seis milhões de habitantes! 278 membros! E todos animados pelo mais ardente desejo de estabelecer um intercâmbio comercial, industrial e financeiro entre seu país e o Brasil, homens cuja competência e autoridade são amplamente reconhecidas.”

Em entrevista à revista, o então presidente Eugène Terroir explicou a motivação da fundação: “A Câmara de Comércio foi criada em 1917, em meio à guerra, quando todas as relações com nosso país estavam interrompidas, com o objetivo de facilitar transações que, provavelmente, cresceriam consideravelmente após o fim do conflito. Nosso intuito era estar prontos, assim que os negócios fossem retomados, para oferecer apoio ao comércio e à indústria belgas.”

Entretanto, nem tudo era harmonia entre os membros da colônia belga. A Revue Franco-Brésilienne de 1919 relatou um episódio de tensão interna, mencionando: “Por ocasião da festa do Rei Alberto I, realizada no mês anterior, vários membros da Colônia Belga reuniram-se em um banquete no ‘Central Club’. Discursos inflamados foram proferidos. Teríamos nos surpreendido com a ausência do presidente e dos conselheiros da Câmara de Comércio Belga, se não soubéssemos que certos desentendimentos não são um privilégio exclusivo da Colônia Francesa.”

Essa passagem sugere que desavenças internas podem ter motivado mudanças posteriores na direção da entidade.

De acordo com o Jornal do Brasil, durante a visita oficial dos Reis da Bélgica ao Brasil, em 1920, foi anunciada a nova composição da diretoria da Câmara de Comércio Belga no Brasil. Na ocasião, ocupavam os seguintes cargos: E. Terroir, diretor-geral para o Brasil do Banco Italo-Belga, como Presidente; C. Jansen, sócio da firma Rodolpho Hess & Co., como Vice-Presidente; F. Havelange, sócio da firma S.A. des Établissements Emile Laport & Co.; C. Ban Thielen, chanceler do consulado da Bélgica, como Secretário; e R. Battard, diretor do Banco Italo-Belga no Rio de Janeiro, como Tesoureiro. Como membros efetivos figuravam H. Malharme, negociante, e W. Joncker, industrial. O conselho era composto por A. Born, D. Korb, F. Daplan, J. de Raere, O. Bersn’au, P. Noel, P. Paternot, U. Somers e V. de Vicq.

Ainda em 1920, Sua Majestade o Rei Alberto I da Bélgica conferiu à Câmara de Comércio Belga no Brasil o status de entidade sob o Alto Patrocínio Real, um gesto que reafirmava a importância da instituição no fortalecimento das relações econômicas bilaterais.

Em 1921, a sede da Câmara passou a funcionar na prestigiada Rua dos Ourives, nº 51, 2º andar, localizada no centro do Rio de Janeiro, então capital da República.

A última menção localizada sobre a Chambre de Commerce Belge au Brésil foi publicada na edição de 12 de maio de 1923 da Revista da Semana. Segundo a reportagem, “Realizou-se sábado último, no Jockey Club, o grande banquete que a colônia belga, sob o patrocínio das duas mais prestigiosas associações belgas do Rio, a Société Royale Belge de Bienfaisance e a Chambre de Commerce Belge au Brésil, ofereceu ao Sr. Verbruggen, cônsul da Bélgica no Brasil, que seguiu para o seu país em viagem de recreio.”  O último número da revista Revue Franco-Brésilienne foi publicado em 1922. A partir dos anos 1924, a imprensa brasileira não usa mais o nome em francês mas o nome em português Câmara de Comércio Belga no Brasil. Mas os relatos das suas atividades estão a tornar-se mais raros. Sabemos que o Sr. Jules Verelst era Presidente durante os anos 1933-1934. Será que a Câmara fundada no Rio de Janeiro foi extinta e quando for criada uma em São Paulo? Em abril de 1939 uma missão comercial belga visitou o Brasil e visitou São Paulo onde reuniu-se com a Câmara de Comercio Belga de S. Paulo. Assim informou o Jornal do Brasil de 18.04.1939. Essa Câmara foi fundada em 1938. 

Quanto à publicação do Bulletin de la Chambre de Commerce Belge au Brésil, não há registros precisos sobre sua periodicidade ou data de encerramento. A Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro possui exemplares dos anos de 1918, 1919 e dois números datados de 1928. Já a Biblioteca Real da Bélgica, em Bruxelas, conserva edições da mesma publicação, dos anos 1917 - 1927.