Você está aqui

Hébette, Jean (1925 - 2016)

, Winenne -
Jean Hebette
Social Media: 

Jean Hébette (Winenne, Bélgica, 15 de fevereiro de 1925 - 11 de novembro de 2016) foi um educador, historiador, escritor, teólogo, missionário, economista e sociólogo belga-brasileiro, um dos maiores e mais respeitados estudiosos sobre o campesinato no Brasil. Foi também um grande ativista social pela reforma agrária. Filho de Victor Léon Hébette e de Maria Joseph Rochette.

Jean tornou-se religioso, da Missionários Oblatos de Maria Imaculada (OMI), em 1942. Ordenou-se sacerdote em 1949. Fez cursos superiores de Filosofia (1943-1945) e de Teologia (1945-1949) na Escola Escolástica OMI de Velaine-sur-Sambre, na Bélgica. Concluiu licenciatura em Teologia, em 1954; e o Curso Superior de Pastoral Catequética, em 1955, no Instituto Católico de Paris, França. Em nível de pós-graduação, frequentou o Curso de Doutorado em Teologia, do Instituto Católico de Paris, em 1954 e 1955, sem defender tese.

A partir de 1956 trabalhou como sacerdote na Holanda, Alemanha, Itália, Reino Unido, Irlanda, República Democrática do Congo (até então Zaire), no Burundi e em Ruanda. Dada a grande quantidade de países em que esteve, era poliglota, tendo capacidade de falar em francês (sua língua natal), português, inglês, quicongo, espanhol, neerlandês e alemão.

Em 1967 chegou ao Brasil, alojando-se primeiramente em Petrópolis, no Rio de Janeiro. No mesmo ano ruma para Belém, conhecendo a realidade do campesinato na Amazônia, enquanto trabalhava no ministério sacerdotal católico nas comunidades rurais.

Buscando ampliar seu conhecimento sobre o campesinato, ingressou na Faculdade de Economia da Universidade Federal do Pará (UFPA) , especializa-se em Desenvolvimento Regional, iniciando a partir de então (1974) uma longa e fecunda carreira acadêmica, como professor e pesquisador da UFPA. Embora tenha assumido funções na UFPA, não abandonou sua carreira como sacerdote.

No Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (UFPA) desenvolveu estudos sobre a ocupação da Rodovia Belém-Brasília, da Transamazônica, da Santarém-Cuiabá e Cuiabá-Rio Branco. Suas pesquisas e seu depoimento pessoal perante os deputados dão substância aos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito da Amazônia, instalada em 1975, que daria origem à atual Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia (CINDRA).

Juntamente com o agrônomo franco-brasileiro Emmanuel Wanberg, reorganizou a Comissão Pastoral da Terra Regional (CPT) e participou da (re)criação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da Região Sul e Sudeste do Pará, em 1976. Filiou-se a partir daí à teologia da libertação, aproximando-se do Padre Josimo, de Dorothy Stang e de Adelaide Molinari.

Em 1987 iniciou os trabalhos de reorganização e estruturação do curso superior de Ciências Sociais anteriormente ofertado no Campus Avançado da Universidade de São Paulo em Marabá, que culmina na Faculdade de Ciências Sociais do Araguaia-Tocantins da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA)

Em 1988 fundou o Centro Agroambiental do Tocantins (CAT), que viria ser o responsável pela Fundação Agrária do Tocantins Araguaia (FATA) e sua instituição congênere, a Escola da Família Agrícola (EFA) de Marabá. O CAT também foi o responsável por gestar o Laboratório Sócio-Agronômico do Araguaia-Tocantins (LASAT).

JeanHebetteCruzandoFronteiraEm 2014, após mais de 40 anos de carreia como professor nas universidades UFPA e UNIFESSPA, aposentou-se (desde 1999 já era aposentado por idade, embora trabalhasse ocasionalmente como convidado até 2014); em 2015 mudou-se definitivamente para a Bélgica, onde falece de causas naturais em 11 de novembro de 2016.

Em 2016 o Centro Agroambiental do Tocantins retoma a EFA de Marabá, dando a ela a denominação "Escola da Família Agrícola Prof. Jean Hébette".

Jean Hébette deixa um legado singular para a compreensão do campesinato na Amazônia, que influenciou diversos pesquisadores, sindicalistas, estudantes e camponeses. Sua obra Cruzando a Fronteira: 30 anos de estudos do campesinato na Amazônia (4 vol.) é a maior expressão desse legado.

Fonte: