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Moreau, José Martinho (1857 - 1926)
A necrologia do Padre J. M. Moreau publicada no jornal A Federação: Orgam do Partido Republicano (RS) em 12 de maio de 1926, nos ajudou a escrever esse texto.
Nascido na província de Namur, na Bélgica, J. M. Moreau fez seus estudos no Seminário de Floreffe. O arquivista do Seminário, F. Dawagne, confirmou que Joseph Moreau estudou lá entre 1871 e 1877. Era originário de Namur onde a sua família se mudou algumas vezes porque consta com três endereços diferentes: rue du Collège, rue Grandgagnage e rue Henry. Seu nome apareceu no livre "Distribuition des prix" em diferentes anos. Ele sempre foi bem classificado na seção de desenhar.
Depois de ordenado, J. M. Moreau matriculou-se na Universidade Gregoriana para os altos estudos teológicos. Deitado de grande talento, filosofo, poliglota, poeta e literato, estudioso e apaixonado pelas viagens, percorreu o padre quase todos os países do globo, como missioneiro ou turista.
Há cerca de 30 anos, veio para Porto Alegre (RS) onde trabalhou como pároco da Paroquia de Nossa Senhora dos Navegantes, professor do Seminário e da Escola Brasileira onde lecionou as línguas modernas e a religião.
Transferiu sua residência para São Paulo, onde o antigo bispo de Pelotas o aproveitou para dirigir uma das paróquias de Campinas onde faleceu no Hospital da Misericórdia quase septuagenário.
Nossa pesquisa revelou também que o Almanak Laemmert dos anos 1909, 10 e 11 mencionam José Martinho Moreau como fazendeiro em Cananeia, Estado de São Paulo. E provavelmente no mesmo lugar, onde Moreau tentou a realizar a primeira fundação Cisterciense da Comum Observância. Em 1903 ele ofereceu a propriedade a Dom Chautard para ali instalar uma comunidade religiosa. Depois da inspeção do terreno, Dom Chautard concluiu que o lugar não era conveniente. Anos mais tarde, em 1919, o belga Paulo, Burlandy obteve por intermédio de padre trapista belga Moreau, um terreno para culturas, distante 4 horas de canoa de Cananéia, informou o jornal Correio Paulistano de 23 de agosto de 1922. O professor Eddy Stols escreveu que trata-se de uma fazenda abandonada e repassada por um padre-aventureiro belga, Moreau, por meio da Associação Comercial Belga-Sul-Americana de Alvizio de Magalhães, situada na ilha, Tabatingueira, perto de Cananéia. Essa informação é confirmada pelo Correio Paulistano de 1914 informando que um requerimento do revmo. padre dr. José Martinho Moreau não pode ser atendido. O padre solicitou a concessão gratuita de uma área de 6 a 10 quilômetros no lugar Faxinal, a fim de ampliar a zona da colonização do seu titio Tabatinguera, em Cananéia.
Em 1911 Moreau foi recebida em audiência privada pela rainha da Bélgica no palácio em Laken. Logo depois foi enviado como missionário para Katanga na então colônia belga Congo. (O Dia: Orgão do Partido Republicano Catharinense, 1911, edição 04881).
O Jornal do Commercio (RJ) informou na edição 37 do ano 1915 - em plena Primeira Guerra Mundial - que o padre Moreau, vigário de Bananal, via fundar um orfanato, destinado a crianças belgas, filhos dos soldados mortos em batalha.
Infelizmente não achamos detalhes sobre estes projetos, também não sobre os diferentes lugares e datas onde Moreau trabalhava como pároco ou vigário, nem sobre o lugar e a data de seu nascimento.
Marc Storms, 27 de fevereiro de 2025
Fontes:
Além dos jornais mencionados
ENTREPRENEURS BELGES ET LUXEMBOURGEOISES DANS LA MODERNISATION ET L’INDUSTRIALISATION DU BRESIL (1830-1940) EDDY STOLS p. 30
Tese de doutorado de José Pereira da Silva “Trapistas no Brasil” (2014, USP). p. 126-127