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Estação Ferroviária Bananal
A região entre Bananal (SP) e Barra Mansa (RJ) foi uma das mais ricas, por volta de 1850, na primeira fase áurea do café. Para enviar café e outros produtos para a Corte (a cidade do Rio de Janeiro), o único caminho partia de Barra Mansa e as mercadorias deviam descer em lombo de burro.
Em 1870, os fazendeiros da região decidiram construir uma ferrovia entre Bananal e Barra Mansa, "puxada por animais ou locomotivas", segundo o requerimento mandado a São Paulo. O primeiro nome dado à ferrovia era Estrada de Ferro Ramal Bananalense, ainda na fase de projeto.
A primeira composição rodou em 1883, com a locomotiva Boa Vista puxando 2 carros lotados de pessoas de Barra Mansa a Três Barras, onde terminava o primeiro trecho construído até então.
No dia 1 de janeiro de 1889 inaugurou-se o ramal ferroviária permitindo, provisoriamente, o trafego de carga e passageiros. A estação, no entanto, ainda não havia sido montada.
“A estação que vai ser montada é elegantíssima e já se acha na estação do Rialto. Na verdade, seja dito de passagem, não temos conhecimento de outro edifício no gênero. È ela totalmente metálica, inclusive o telhado de chapas almofadadas duplas, de construção belga, e seus assoalhos de autentico pinho de Riga.” publicou o jornal A nova fase, de Bananal, em 1 de janeiro de 1889.
A estação foi uma doação do Comendador Domingos Moitinho. A fabricante belga da estação vendeu e montou o projeto, sendo este o único exemplar montado no continente americano.
Não se trata de um edifício muito grande. Com seus 335,00 m² de área útil (incluída a plataforma de embarque, coberta pela marquise), deve ser sido dimensionado para as limitadas necessidades do pequeno ramal. È todo em ferro, à exceção das esquadrias em madeira e do piso do 2 pavimento, em pinho de Riga. Exceto nos consoles da marquise, onde se nota um discreto efeito decorativo, o edifício é de uma sobriedade, dir-se-ia, industrial.
Somente os desenhos formados pela estampagem das chapas, tanto de vedação vertical (paredes) como obliqua (cobertura) indicam uma intenção plástica. Alias, essa intenção é tanto plástica como estrutural, pois, graças a esse artifício, as chapas adquirem maior rigidez. Sem considerar a engenhosidade do sistema construtivo, ao combinar chapas delgadas com perfis de seções pequenas.
A planta, muito simples, é constituída de um compartimento central, onde estariam localizadas as bilheterias e dois compartimentos, menores e contíguos. Um deles contem uma escada helicoidal, também em ferro, que conduz a um compartimento superior que seria destinado à administração. Em cada extremidade do pavimento térreo, dois grandes salões dotados de grandes portas, o que supõe seu uso como deposito de carga.
Todo o edifício é forrado com chapas de ferro estampados, contendo desenhos mais simples do que os utilizados nas paredes. Pode-se observar, no pavimento superior, o rodapé com registros moveis, que permitiriam a passagem do ar por dentro das paredes ocas de ferro, uma das características marcantes do sistema Danly.
Em 1918, a União encampou o ramal, passando-o para a Estrada de Ferro Oeste de Minas (EFOM). Em 1931, o ramal foi repassado à Estrada de Ferro Central do Brasil (EFCB), onde permaneceu incorporado até a desativação do trecho, em 1964.
A estação permaneceu abandonada durante bastante tempo. Foi tombada pelo Condephaat em 1969 mas, até 1974, nada foi feito. Então, começou a mobilização dos moradores e fazendeiros de Bananal, para preservá-la. Uns queriam transformá-la em escola, outros em estação rodoviária, e outros em biblioteca.
Em 1983, a estação de Bananal foi declarada de utilidade pública pelo prefeito, que pediu uma vistoria do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT, SP), com vistas à restauração. Os técnicos concluíram que o metal usado pelos belgas era de ótima qualidade pois — apesar do abandono — quase 100 anos após a construção, poucas chapas teriam de ser substituídas.
As cores ocre e vinho, bem como o estilo da construção, tornam a estação de Bananal uma raridade no gênero, em todo o mundo.
Nas comemorações do centenário da estação, o seu edifício e seu restaurado, e parte dos seus móveis, foram transferidos para Museu Imperial de Petrópolis.
A estação é hoje tombada pelo Patrimônio Histórico. Um antigo morador de Bananal conta que a estação, quando foi recuperada pelo Patrimônio, teve as placas metálicas substituídas por outras mais leves, que são as atuais. "Eu não conseguia levantar as que tinham sido retiradas e estavam no chão, mas as novas, que estavam sendo colocadas, eram muito leves..." Após a desativação da estrada, em 1/6/64, a estação foi sede de Correio, e mais tarde, estação rodoviária do município. É uma das estações mais retratadas do Brasil. É citada como estando abandonada em 2012.
Fontes:
- http://trilhosdorio.com.br/...
- https://pt.wikipedia.org/wiki/...
- http://www.estacoesferroviarias.com.br/...
- Arquitetura do ferro no Brasil / Silva, Geraldo Gomes da. - São Paulo : Livraria Nobel, 1986. - 247 p. - ISBN: 8521303491
Fotos: Marc Storms, dezembro 2014 - exceção fotos históricos