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Ladrilhos belgas do Mercado Municipal (São Paulo)

Um novo Mercado Municipal para São Paulo
O Mercado Municipal Paulistano foi construído para substituir o mercado velho que ficava na rua 25 de Março, local onde os comerciantes vendiam seus produtos ao ar livre. Em 1924, com o crescimento da cidade, foi aprovada uma lei autorizando a construção de um novo mercado. O Mercado Central, como é conhecido hoje, talvez tenha sido o último dos grandes edifícios que foram erguidos a partir do final do século XIX para que a cidade consolidasse cada vez mais sua imagem de “Metrópole do Café”.
O responsável por sua construção foi o arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo (1851 — 1928). Ele tinha o mais conceituado escritório de arquitetura da época e projetou também o Teatro Municipal, o Palácio das Indústrias, a Pinacoteca, os Correios e Telégrafos e o Colégio Sion. Em seu escritório trabalhavam portugueses, brasileiros e italianos e, entre eles, Felisberto Ranzini, que desenhou as fachadas do Mercado.
O estilo escolhido para a construção foi o uso de fachadas sóbrias, com colunas internas e externas em estilo grego, jônico ou dórico. Telhas de vidros, clarabóias e vitrais, do artista Conrado Sorgenitch Filho, complementam o conjunto, criando uma perfeita iluminação natural.
Em 25 de janeiro de 1933, às margens do rio Tamanduateí, numa área de 12.600m², ele foi finalmente inaugurado, quando São Paulo contava com uma população de um milhão de habitantes. Através do Decreto nº 35.275 de 06/07/1995, passou a denominar-se Mercado Municipal Paulistano.
A descoberta dos ladrilhos belgas
O Mercado passou por restauração e no meio da reforma uma surpresa aconteceu: a descoberta de duas paredes cobertas por ladrilhos belgas que estavam havia anos escondidas atrás de vestiários. Esse é um dos segredos que estão sendo revelados pelas obras de restauração do Mercado, que começaram em outubro 2013.
Segundo Luís Barretto, chefe-de-gabinete da Secretaria Municipal do Abastecimento (Semab), o imprevisto como a descoberta das paredes ladrilhadas - demandou um novo trabalho de pesquisa e a encomenda de ladrilhos idênticos aos originais.
Na fota acima: ao lado esquerdo os ladrilhos originais e ao lado direito os novos.
Consultei o belga Mario Baeck, que entre outros títulos é editor do periódico da Tiles & Architectural Ceramics Society (TACS) e editor do boletim do Círculo de Azulejos Cerâmicos Europeu (E.C.T.C. ou EUROPEAN CERAMIC TILES CIRCLE), e ele escreveu "A determinação de origem de ladrilhos lisos (sem decoração) é muito difícil. Posso dizer que os ladrilhos ao redor dos painéis, que são usados de maneira bem inteligente, têm uma forma que é muito comum na Bélgica, e podem ter vindo da fábrica Boch Frères (La Louviere) ou Gilliot & Cie (Hemiksem). A resposta definitiva só pode ser dada com base na visão da parte traseira, mas a origem belga é muito provável."
Os ladrilhos ficam nos paredes do Salão dos Eventos, um espaço grandioso de aproximadamente 17 X 29 metros.
A restauração faz parte do projeto Ação Centro, que prevê 130 iniciativas na região central de São Paulo.
Fontes:
- https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0605200416.htm
- email Mario Baeck, 12 de março 2015