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O Chalé da UFPA (Belém)

Location: 
Rua Augusto Corrêa, 01, Belém - Pará
Belem Chalet UFPA
Tipologia: 

Chalé bangalô anglo-indiano

De origem belga, o Chalé da UFPA é o mais expressivo representante no Brasil do sistema construtivo Danly e do modelo de bangalô anglo-indiano, e o único com dois pavimentos totalmente em ferro.

Não se conhece com precisão as circunstâncias de sua aquisição. Sabe-se com segurança, porém que ele chegou a Belém não antes de 1890 e que já se encontrava montado em 1893, ano em que foi colocado à venda.

O primeiro proprietário conhecido foi o Senador Álvaro Adolfo. Posteriormente passou a ser propriedade do Clube Monte Líbano, tendo sido alugado à UFPA entre 1963 e 1972, período em que sediou inicialmente o curso de Arquitetura e depois, o serviço de Atividades Musicais. Em 1981 o Clube Monte Líbano repassou o chalé ao arquiteto Euler Arruda, também professor da UFPA, em contrapartida à elaboração de um novo projeto para a sede social do clube. Quando a UFPA recebeu o prédio do Euler Arruda, ele continha alguns acréscimos em concreto, introduzidos posteriormente à sua montagem original. Tais acréscimos foram retirados na atual montagem, resgatando-se, assim, o projeto original.

Restauração

Finalmente, em 1991, com recursos alocados pelo Ministério da Educação para implantação do Núcleo de Meio Ambiente da UFPA, foi remontado, seguindo rigorosamente suas características originais: toda a sua estrutura portante e de coberta é constituída de ferro, assim, como o telhado; o assoalho do pavimento superior, os forros, as portas e as janelas são em madeira.
A responsabilidade técnica pelos trabalhos de desmontagem, restauração e remontagem foi assumida pela Arquiteta Maria Beatriz Manescy Faria, da Prefeitura do Campus Universitário da UFPA, que coordenou a equipe formada de professores, arquitetos, engenheiros, desenhistas e estudantes de arquitetura, durante todo o trabalho. Desde o início do projeto até o seu final foi fundamental a orientação prestada pelo Prof. Geraldo Gomes da Silva, da Universidade Federal de Pernambuco e expert internacionalmente respeitado em Arquitetura do Ferro, o qual, mais do que um consultor, tornou-se um apaixonado pelo projeto. A desmontagem foi precedida de um levantamento métrico e fotográfico de todo o edifício, providência essencial para viabilizar sua remontagem posterior.

Todas as três mil peças que compõem o chalé foram devidamente identificadas através de um código especialmente criado para tal fim. Após isso, foram etiquetadas e separadas em lotes homogêneos e guardadas no laboratório de Hidráulica, do Centro Tecnológico da UFPA. As ações de remontagem iniciaram em ritmo lento, em conseqüência da falta de recursos financeiros específicos para o projeto. Em 1985, com recursos repassados pela extinta Fundação Nacional Pró-Memória, executou-se a base de concreto armado sobre a qual se elevaria o chalé. Mais tarde, já em 1988, com recursos financeiros destinados ao projeto pela Companhia Vale do Rio Doce, foram executados os serviços de limpeza e pintura primária das peças que se encontravam em bom estado, bem como a recuperação das que necessitavam de reparos e a confecção de outras novas para substituir as irrecuperáveis. 

Na remontagem do Chalé foram rigorosamente preservadas suas características originais. Assim, toda a sua estrutura portante e de coberta é constituída de ferro, assim, como o telhado. O assoalho do pavimento superior, os forros, as portas e as janelas são em madeira. Em 1981, quando a UFPA recebeu o prédio, ele continha alguns acréscimos em concreto, introduzidos posteriormente à sua montagem original. Tais acréscimos foram retirados na atual montagem, resgatando-se, assim, o projeto original. A única modificação acrescida na atual remontagem foi a construção de dois compartimentos para sanitários, que ocupam um pequeno espaço na sala maior do pavimento térreo. Estes compartimentos não existiam no projeto original, de vez que edifícios dessa natureza possuíam edículas separadas do corpo principal, com essa finalidade. Os atuais sanitários foram projetados e construídos com material totalmente diferente dos utilizados originalmente no edifício, pois se pretende evidenciar a contemporaneidade da intervenção.

As cores originais do chalé não são conhecidas, mas isso não era um elemento essencial de sua caracterização.

O seu partido é relativamente simples, composto por planta com formato em “T”. Todavia, devido ao seu formato, a cobertura é complexa, se comparada aos outros exemplares residenciais em ferro na cidade. Possui cerca de 360m², nos dois pavimentos, e a área da varanda é de cerca de 220m². As paredes são compostas de chapas estampadas que compõem as estruturas de vedação, formando uma parede oca para ventilação. 

Os chalés de Belém são residências unifamiliares de proveniência belga, da fábrica Forges d’Aiseau, e construídos segundo o sistema Danly, criado por Joseph Danly. São os únicos exemplares residenciais no Brasil construídos inteiramente em ferro, e recebem a denominação correspondente à sua localização. Eles são: o chalé da UFPA, do Bosque Rodrigues Alves e o antigo chalé de ferro da IOEPA.

Fontes

  • ESTUDO TECNOLÓGICO DO CHALÉ DE FERRO IOEPA: SUBSÍDIOS PARA A SALVAGUARDA DA ARQUITETURA DE FERRO NO BRASIL / FLÁVIA OLEGÁRIO PALÁCIOS. - Salvador, 2011. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, como parte dos requisitos para a obtenção do grau de mestre em Conservação e Restauro. 
  • https://www.skyscrapercity.com/...
Fotos