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Duas pontes metálicas sobre o Rio Iguaçu (Araucária)
As atividades ligadas à pecuária e ao tropeirismo desenvolvidos a partir da primeira metade do séc. XVIII, ao longo dos chamados “Caminho das Tropas”, marcaram profundamente a história da região de Araucária. Uma das grandes aspirações era a travessia franca da vargem do rio Iguaçu, a qual por ocasião das chuvas era inundada pelo transbordo do rio impedindo o trânsito da estrada naquele ponto, algumas vezes durante muitos dias.
As primeiras pontes sobre o rio Iguaçú em Araucária (Paraná) foram construídas em 1880 por um engenheiro inglês, Walter Joslin. Eram de madeira e serviam na época como as únicas vias de ligação entre Curitiba e o resto do sul do país. O imperador Dom Pedro I inaugurou as primeiras estruturas das pontes, durante uma passagem pela cidade, que na época era chamada de Freguesia do Iguaçu.
Infelizmente, logo depois, enchentes derrubaram as pontes de madeira, interrompendo o tráfego.
Por volta dos anos, entre 1908 a 1913, foram confiados ao condutor técnico da Secretaria de Obras Públicas do Estado, Sr. Arnaldo Kalkmann, os estudos e confecção de projeto para ficar assegurado o livre trânsito da estrada em qualquer época. E foi chamada a concorrência para sua execução. Reconhecidas como mais vantajosas as propostas apresentadas por Antonio Gabardo IV e Prudente Noel, respectivamente para execução dos serviços e fornecimento das grandes estruturas metálicas foram lavrados contratos. O custo total pelo qual estava contratado o fornecimento das estruturas metálicas era de 28.872$000, sem contar as despesas de alfândega e transporte de Paranaguá a Araucária. Os serviços deveriam estar concluídos em fevereiro de 1915.
A unica informação que até agora achamos sobre Prudente Noel é seu endereço na cidade de São Paulo em 1921 que encontra se no "Annuario Commercial, Industrial, Agricola, Profissional e Administrativo Da República dos Estados Unidos do Brasil para 1921. Obra estastistica e de consulta fundada em 1844 com o titulo Almanak Laemmert" (77 ano – Volume 2 - Estado de São Paulo p. 2742) na rubrica "Materiaux de construction": Prudente Noel, av. S. João 78 2.
Assim as pontes de madeira foram substituídas por estruturas metálicas vindas da Bélgica. O material chegou da Europa ao porto de Paranaguá, subiu a Serra pela Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba (que contem muitas obras de arte construídas pela empresa belga S.A. de Travaux Dyle e Bacalan de Louvain) e depois pela ferroviária Curitiba - Araucária.
As duas pontes são idênticas, medem 50 metros e são assentadas sobre bases de alvenaria. Nas entradas e saídas das pontes foram construídas pequenas muretas. A distância entra as pontes é de aprox. 500 m. Cada ponte tem nos dois lados 10 estruturas retangulares de 4m cada um, e no começo e fim uma estrutura triangular de 5m. As estruturas retangulares são no teto fixadas com treliças. A pavimentação é de madeira.
As pontes foram interditadas em 2002, em virtude do péssimo estado de conservação. Felizmente foram restauradas e reinauguradas no dia 24/11/2005, após um ano de reformas. A revitalização foi realizada por meio de um convênio formado entre município, governo do Estado e a Petrobras. A empresa destinou R$ 630 mil para as reformas, recuperação de muretas, pavimentação, construção de mirantes, entre outros. Agora, apenas veículos de pequeno porte poderão passar pelas duas pontes. A revitalização das pontes metálicas é importante para a história de Araucária e vai contribuir na educação ambiental dos moradores, afirmou Edmir Bitencourt, gerente de saúde, meio ambiente e segurança da Refinaria Getúlio Vargas (Repar). La foi construído o Parque das Pontes.
As pontes metálicas foram tombadas pelo Decreto Municipal n° 2.580/81 em 21/01/1.981, embasado na lei Estadual n° 1.211 de 16/09/1.953, pelo então Prefeito Eng° Rizio Wachowicz.
Fontes:
- https://www.parana-online.com.br/...
- texto "HISTÓRICO - PONTES METÁLICAS DE ARQUITETURA BELGA" fornecido pelo Sr. Sebastião, arquivista do Arquivo Histórico da cidade de Araucária
Fotos: Marc Storms, dezembro de 2015
Pesquisa e texto: Marc Storms