Belgas no livro “Estrangeiros illustres e prestimosos no Brasil (1800 - 1892) e outros escritos”

O livro Estrangeiros illustres e prestimosos no Brasil (1800 - 1892) e outros escriptos, de autoria de Visconde de Taunay publicado, em São Paulo pela Editora Melhoramentos no ano de 1932, destaca diferentes estrangeiros e estrangeiras ilustres no Brasil. Agrupados segundo a sua nacionalidade, são apresentados seguindo a ordem: franceses, ingleses, alemães, austro-húngaros, suíços, gregos, dinamarqueses, russos, italianos, belgas, polacos, holandeses, espanhóis, suecos, portugueses e americanos do Norte.

Sobre os belgas, a informação que consta é a seguinte: “Entre belgas, João Claussen, botânico; major Carlos van Lede, autor de excellente estudo, principalmente no ponto de vista geologico, sobre Santa-Catharina; van Erwen, deu noticia de animaes fosseis na província do Rio de Janeiro, onde fundou numerosa e respeitável familia; Ladislau Paridant, occupou-se com questões de navegação entre o Brasil e a Europa; conde A. van der Statten Ponthes, publicou Le Budget de l'Empire, em que analysou os recursos do Brasil e os interesses da emigração e do commercio europeus (1854), 3 vols.; mme. van Langendonck, autora da tão interessante obra sobre o Rio Grande do Sul, Une colonie au Brésil; Eduardo Pécher, fallecido a 26 de julho de 1892; Walther de Selys Longchamps, publicou a sua sympathica relação, Notes d'un voyage au Brésil; dr. Luiz Cruls, astronomo de notável valor, director do nosso Observatório Nacional; Carlos van Lede, geólogo.”

A lista é interessante, mas infelizmente, o Conde de Taunay não menciona os critérios de seleção usados. Seu filho, Affonso d'Escragnolle Taunay, menciona no prefácio do livro que o Conde elaborou a lista em 1896 e pensava em desenvolver as notas biográficas dos principais personagens citados. A morte impediu-lhe a finalização de tal projeto.

Alguns dos belgas ilustres ainda são conhecidos hoje, embora talvez entre um público mais restrito. Por exemplo, Louis Cruls, chefe da expedição que demarcou a área do Distrito Federal em 1892, ou Charles Van Lede, fundador da colônia belga em Ilhota (SC). É notável que van Lede seja citado duas vezes ou talvez tenha sido um erro de edição. Édouard Pecher desempenhou um papel importante na dinamização das relações belgo-brasileiras. Eu espero que o nome Madame van Langendonck - a única mulher belga mencionada - lhe pareça familiar agora, depois que eu lhe dediquei um capítulo a sua história, no meu livro "Raízes belgas, trajetórias brasileiras". 

Ao mesmo tempo, a lista inclui diferentes belgas sobre os quais quase nada foi publicado até hoje e que, portanto, foram esquecidos. São alguns exemplos: o botânico João Claussen e o paleontólogo van Erwen. Através deste site e da nossa pesquisa contínua esperamos um dia resgatá-los do esquecimento. Qualquer ajuda de familiares descendentes, estudiosos, pesquisadores neste sentido, será bem-vinda.