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Companhia Paulista de Vias Férreas e Fluviaes

A Companhia Paulista de Estradas de Ferro (CPEF, também chamada Companhia Paulista de Vias Férreas e Fluviais) foi uma companhia ferroviária brasileira situada no estado de São Paulo.

A ferrovia foi idealizada, em 1864, por um grupo de fazendeiros, negociantes e capitalistas que necessitavam de um meio de escoar o café cultivado no interior do estado de São Paulo. Estes pretendiam que a São Paulo Railway, a "Inglesa" ou "Santos-Jundiaí", levasse seus trilhos até Rio Claro, já que detinha a concessão para tal. A decisão de fundar a "Companhia Paulista" surgiu após a São Paulo Railway declarar que não seria possível prolongar a ferrovia adiante, nem sequer até a cidade de Campinas, devido às perdas com a Guerra do Paraguai. Os trilhos da São Paulo Railway chegaram só até Jundiaí. Nesta cidade começou-se a construir os trilhos da Companhia Paulista rumo ao interior de São Paulo.

A Companhia Paulista foi então fundada no dia 30 de janeiro de 1868, porém as obras de construção da linha iniciaram-se mais de um ano após essa data, após as aprovações dos estatutos da Companhia Paulista pelo Governo Imperial. Finalmente, no dia 11 de agosto de 1872, com uma bitola de 1,60 metros, chamada "bitola larga", foi inaugurado o primeiro trecho, entre Jundiaí e Campinas. Os seus trilhos foram avançando pelo interior adentro, chegando a Rio Claro em 1875 e a Descalvado em 1876.

Em 1891, a Companhia Paulista adquiriu duas pequenas ferrovias em bitola de 0,60m que se avizinhavam de suas congêneres a Companhia Rio Claro e a Mogyana: a Companhia Descalvadense e a Companhia Ramal Ferreo de Santa Rita. Ao receber em 1 de abril de 1892 as linhas da Rio Claro Railway, a Companhia Paulista dividiu sua malha em duas seções: a Paulista que contava com a bitola larga e as duas pequenas linhas de bitola de 0,60m, e a Rio Claro, com todas as linhas de bitola métrica.

Em 1961 a empresa foi estatizada. Em 10 de novembro de 1971, a Companhia Paulista de Estradas de Ferro foi incorporada à nova estatal FEPASA.

Os relatórios da CPEF mostram que foram comprados muitos vagões de procedência belga.

Em 1891 foram encomendados, na Bélgica, 130 vagões fechados e 20 vagões abertos. Não  há menção da construtora belga.

O Relatório de 1893 mostra que a empresa tinha os seguintes vagões belgas:

  • 43 vagões fechados para mercadorias, com freio e compartimento para guarda com 4 rodas
  • 43 vagões fechados para mercadorias, com freio e sem compartimento para guarda com 4 rodas
  • 30 vagões fechados para mercadorias, sem freio, com 4 rodas
  • 20 vagões abertos para mercadorias, com 4 rodas

e explica que "deixaram de ser montados, durante o anno, 17 wagons dos 150 recebidos em 1890 e 1891 da Bélgica, por faltarem diversos volumes que continuam retidos em Santos".

Capa Relatorio Companhia Paulista 1909O Relatório de 1909 mostra que a empresa tinha os seguintes:

Na bitola de 1m60:

  • 1 Carros de socorro (antigo vagão tubular, transformado nas oficinas da CP) com 8 rodas e peso de 13.000 kg.
  • 50 Vagões cobertos e com compartimento para os guardas com 4 rodas, lotação de 10.000 e peso de 7.500 kg.
  • 50 Vagões cobertos e sem compartimento para os guardas com 4 rodas, lotação de 10.000 e peso de 6.700 kg.
  • 30 Vagões cobertos com 4 rodas, lotação de 10.000 e peso de 6.600 kg.
  • 20 Vagões abertos com 4 rodas, lotação de 10.000 e peso de 5.100 kg.
  • 20 Vagões abertos com 8 rodas, lotação de 20.000 e peso de 11.800 kg.
  • 5 Vagões abertos para lenha com 8 rodas, lotação de 20.000 e peso de 11.600 kg.
  • 85 Vagões abertos para lenha com 8 rodas, lotação de 20.000 e peso de 11.850 kg.

Na bitola de 1m00:

  • 85 Vagões cobertos e sem compartimento e com freio Westinghouse com 8 rodas, lotação de 20.000 e peso de 8.400 kg.
  • 11 Vagões cobertos e sem compartimento e sem freio Westinghouse com 8 rodas, lotação de 20.000 e peso de 7.900 kg.
  • 50 Vagões cobertos com freio Westinghouse (com estrelado de aço) com 8 rodas, lotação de 20.000 e peso de 9.000 kg.
  • 6 Vagões cobertos com freio Westinghouse (tubulares) com 8 rodas, lotação de 20.000 e peso de 7.200 kg.

Infelizmente, os relatórios, a partir do ano 1911, não forneceram mais informações sobre a procedência dos locomotivas, carros e vagões.

Fontes:

http://icaatom.arquivoestado.sp.gov.br...

https://memoriaferroviaria.assis.unesp.br...

Locomotivas ou vagões belgas usados nesta linha

Estradas de Ferro com material belga