A Companhia Estrada de Ferro Sorocabana (EFS) foi criada em 2 de fevereiro de 1870 por empresários sorocabanos liderados pelo comerciante de algodão Luís Mateus Maylasky. Ele obteve da então província de São Paulo uma garantia de juros de 7% ao ano sobre o capital que fosse investido na ferrovia.
O primeiro trecho da ferrovia foi inaugurado em 10 de julho de 1875 e era formado por uma única linha, em bitola métrica, entre São Paulo e a fábrica de ferro de Ipanema, passando por Sorocaba.
Inicialmente concebida para transportar as safras de algodão, as receitas geradas pelo transporte desse produto logo se revelaram insuficientes, levando a ferrovia a enfrentar sérias dificuldades financeiras. Em assembleia geral realizada no dia 15 de maio de 1880 Maylasky foi demitido e substituído por Francisco de Paula Mayrink. Mayrink expande os trilhos na direção de Botucatu, para atingir regiões cafeeiras indo até Assis, onde se localizavam as oficinas da ferrovia, tornando-se uma das principais cidades do interior paulista.
A Sorocabana passou por inúmeras mudanças de controle acionário. Em 1892 fundiu-se com a Estrada de Ferro Ituana, dando origem à Companhia União Sorocabana e Ituana (CUSI).
Apesar do contínuo aumento de volume no transporte de café, as finanças da ferrovia se deterioram de tal forma que a empresa precisou ser liquidada, tendo sido leiloada e arrematada, em 1904, pelo governo federal. Em 1905 o governo federal vendeu a ferrovia para o governo do estado de São Paulo. De 1907 até 1919 a Sorocabana foi arrendada para o truste do capitalista norte-americano Percival Farquhar passando a operar sob o nome The Sorocabana Railway Co.O governo de São Paulo assume novamente seu controle em 1919.
A Sorocabana serviu a inúmeras cidades do oeste paulista. Sua linha tronco expandiu-se e chegou a Presidente Prudente em 1919 e a Presidente Epitácio, às margens do rio Paraná - seu ponto final - em 1922. Antes disso a EFS construiu vários ramais. Em 1909 o ramal de Itararé ligava Iperó a Itararé, conectando a rede ferroviária paulista às estradas de ferro do Paraná, pelo antigo caminho dos tropeiros, que viajavam até o sul do Brasil. A partir dos anos 20, em seu trecho inicial - primeiro até Mairinque, depois somente até Amador Bueno - passaram a circular, principalmente, trens de subúrbio. O Ramal Dourados, no oeste paulista, ligava Presidente Prudente a Teodoro Sampaio. Trens de passageiros de longo percurso trafegaram pela linha-tronco (Santos - Juquiá) até 16 de janeiro de 1999, quando foram suprimidos pela concessionária Ferroban, sucessora da Fepasa. A linha estava ativa até meados de 2002, somente para trens de carga e hoje está em completo abandono.
A Estrada de Ferro Sorocabana (EFS) foi uma das maiores compradoras de material ferroviário belga no Brasil. A contabilização completa dos itens por ela importados entre 1875 e 1971 (período de sua existência) é impossível, mas sabe-se que, apenas em vagões, foram adquiridas mais de 5 mil unidades.
"Relatorio da Estrada de Ferro Sorocabana e Estrada de Ferro Funilense" referente ao ano de 1924 escreve na página 121 que foram postas em trafego, 10 locomotivas de origem Belga, adquiridas em 1923 à "Société Belge pour l'exportation" pelo preço de 2.327:319$644 (pagina 28), que tiveram de sofrer diversas modificações. A página 125 contem mais informações: 5 locomotivas tipo Mikado com ns. 232 até 236 da fábrica Haine-Saint-Pierre e 5 locomotivas tipo Mikado com ns. 236 até 241 da fábrica Tubise, ambas da Bélgica. O mesmo relatório informa que a EFS possuía 2.575 vagões para o transporte de mercadorias. Deste total, 974 eram de procedência belga, construídos pela C.C. Construction [Haine Saint-Pierre], sendo 652 gondolas e 322 gaiolas para animais.
O relatório do ano seguinte, 1925, informa na página 18, que a companhia adquirou 650 vagões fechados de 30 toneladas e 600 gondolas da mesma tonelagem de fabricação belga, sem informar a construtora. Desses vagões, 491 já fizeram serviço no ano 1925. Eric Mantuan, Vice-Presidente da Associação Movimento de Preservação Ferroviária do Trecho Sorocabana www.mpfsorocabana.org.br, nós informou que a empresa belga Nicaise & Delcuve forneceu à EFS, a partir de 1925, cerca de 2 mil vagões tipo gôndola rasa (plataforma), que foram classificados como série G. Provavelmente a Nicaise & Delcuve é o fornecedor não informado no relatório de 1925.
Assim, o quadro dos vagões mudou para
A EFS poussiu também 21 vagões de primeira classe da mesma construtora, com data de fabricação de 1912 (p. 144); 4 vagões de segunda classe da "Dyle & Bacalan" (p. 154), com data de fabricação de 1889; e dois vagões de inspeção da Belga "Baume et Marpent" (p. 151), com data de fabricação de 1913.
Eric Mantuan, nos informou também que foram adquiridos 1500 vagões fechados em 1935 produzidos pela empresa belga Ateliers de la Dyle em 1935. Um vagão fechado de carga geral (série V) de construção mista está preservado pela associação no Centro de Memória Ferroviária de Sorocaba. Também foram comprados no mesmo ano dos Ateliers de la Dyle vagões de transporte de frutas (série VF).
Locomotivas ou vagões belgas usados nesta linha
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